terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nasceu a Diana!!!



“Aprendi com a primavera: a deixar-me cortar e voltar sempre inteira” 
Cecilia Meirelles.


Olá queridas,
há muito eu queria escrever aqui, mais precisamente, desde que uma amiga do grupo partoemcasa nos contou sobre o poder de cura de um parto natural, que ela experimentou ao parir sua segunda filha após uma cesária.
Neste momento eu estava experimentando este poder de cura, mas antecipadamente. Eu explico. Há exatos de 3 anos e dois meses dei à luz ao Caetano, num lindo e empoderador parto natural em casa. Esperei por ele 42 semanas, o trabalho de parto com dor durou menos de 5 horas e levei quase o mesmo tempo para parir a placenta. Esta experiência me fez sentir do tamanho do mundo. Lembro que na época escrevi: "Eu sou o paraíso: tudo floresce, tudo brilha, tudo flui".
Quando decidi engravidar novamente achei que a experiência se repetiria, claro que com o que é particular de cada ser que chega. Mas eis que já desde o primeiro ultrassom, com 12 semanas, aparece a placenta implantada baixa. Nesta fase isto não era muito sério, pois a imensa maioria das placentas que se implantam baixas sobem. Na vigésima semana, lá continuava a placenta. Mas ainda tinha muita chance de subir. Mas já era caso de preocupação. Comecei aqui a estreitar os laços com a Diana e com a placenta. Conversava muito com as duas. Fiz um lindo altar em volta da banheira onde o Caetano nasceu e onde eu queria que Diana nascesse. Reverenciei as mães, a mim, a minha mãe, a todas as mães. Foram muitas orações, muitos mantras, muitos banhos de imersão, só nós três, eu, a Diana e a placenta. Visualizava esta placenta subindo como uma flor de lótus dentro da água. Conversava com ela como se ela fosse uma outra mãe da minha filha, já que ela a nutria com ar e alimento nesta fase... Ficamos íntimas. Às 31 semanas, mais um ultrassom, e lá continuava a placenta: prévia total central. Impossibilidade total de um parto normal. O parto domiciliar eu já havia entregado. Entreguei também o parto normal. Às 34 semanas, depois de um sangramento, vou à maternidade, por orientação da Roxana, e a partir de então devo ficar em repouso total, para que a bebê pudesse nascer no tempo certo. 
Fiquei 2 semanas praticamente todo o tempo deitada. Minha mãe veio me ajudar com a casa, a comida e o Caetano. Minha irmã cuidou da Fralda Madrinha. O mais difícil nesta fase foi não poder pegar o Caetano no colo. Este foi super parceiro. Me ajudava a me cuidar para eu cuidar da Diana. Deixei de ser vegetariana para armazenas ferro para uma provável hemorragia. Duas semanas depois de estar em repouso, me descubro com diabetes gestacional, que sempre andou por perto, mas com a falta de movimento dada pelo repouso absoluto se instalou de vez, apesar da minha alimentação super saudável e equilibrada. Mais um fator de risco. Já estava encaminhada para internação na última segunda feira, para tratar da diabetes. Isso me angustiava, pois ficaria longe do Caetano. A partir daí tinha que acompanhas os sinais de vitalidade do bebê (cardiotocografia) periodicamente, para ver se ela estava bem. No último sábado fui à maternidade fazer este exame e ela estava ótima. Eu também me sentia ótima. 
E eis que quando volto do exame, no início da tarde, me deito para descansar. Logo em seguida, o Caetano, que tinha ficado com minha irmã, chega da praia com o primo, e o Rodrigo o leva para tomar banho. Eles descem, ele deita do meu lado, nos abraçamos e ele diz que estava com muita saudade. Nos abraçamos ali deitados e ficamos assim uns 10 minutos, quando eu começo a sentir muito sangue descer.  Eram jorros de sangue. Liguei pra Roxana e disse: acho que a bomba estourou. Ela tinha me dito na última consulta que eu estava andando com uma bomba relógio, pois a placenta poderia descolar prematuramente e provocar uma intensa hemorragia. E era isto que estava acontecendo. Liguei para minha irmã vir buscar o Caetano novamente. Em dois minutos ela estava de volta à minha casa e este foi o tempo que tive para explicar ao Caetano que a Diana ia nascer, que ele iria dormir na casa da tia Regina, e que amanhã o vovô iria buscá-lo para conhecer a irmãzinho. Vi o esforço dele para tentar entender aquilo tudo. A tarde estava lindamente ensolarada e a distância entre minha casa na Cachoeira do Bom Jesus e a maternidade da Ilha nunca foi tão longa e tão curta. Longa porque eu sabia que cada minuto era muito importante, pois era muito sangue. E curta porque estava tudo muito rápido, sabia que a Diana logo chegaria. Ela não parava de mexer dentro da minha barriga, me avisando que estava tudo bem com ela. Eu dizia para ela que logo nos encontraríamos e o que me veio, foi entoar bem baixinho o mantra "lokah samastah sukhino bhavantu" (Que todos os seres, em todos os lugares, estejam unidos, nutridos e felizes). 
Assim que chegamos à maternidade, Roxana já estava lá, e pela quantidade de sangue, nem quis me examinar (tínhamos tido uma consulta há menos de 3 dias) e disse: vou te operar. Ela já tinha agilizado tudo, estava solicitando sangue para uma possível transfusão (minha). Imediatamente subi na maca e fui encaminhada para o centro cirúrgico. Eu me sentia bem, sem nenhum desconforto, nem dor, nem insegurança ou medo, apesar de estar perfeitamente ciente da gravidade da situação. Eu sabia que teria que passar por aquilo e queria passar bem. No centro cirúrgico tudo foi muitíssimo rápido. Quando Rodrigo chegou à sala eu já estava anestesiada. Pedi que guardassem a placenta e que deixassem a Diana o máximo possível ligada ao cordão umbilical. Roxana combinou com a equipe de baixar o campo assim que a bebê nascesse, para que eu pudesse vê-la, se ela nascesse bem. Cuidaram para  colocar o soro de forma que eu pudesse amamentá-la prontamente. Sentia o tempo voar. Estava tudo muito rápido, e para ficar presente novamente me veio o mesmo mantra, que entoei, bem baixinho, durante toda a cirurgia. Em minutos eles abriram a barriga e o primeiro momento de tensão foi quando não conseguiam tirar a Diana, pois como a placenta ocupava o espaço onde ela se encaixaria, ela ficava solta dentro do útero, que estava cheio de sangue, pois tiveram que cortar a placenta. Pareciam tentar tirar um peixe de dentro da água. Eu ouvia. - A cabeça está aqui! E ouvia o barulho de algo sugando o sangue. E a Roxana pediu a ajuda do anestesista, único homem da equipe, para forçar minha barriga de baixo para cima para que a bebê não subisse novamente. Isso foi tenso. Usaram o fórceps para tirá-la e eu senti ela sair. Senti como se tivesse saindo pelo canal de parto. A mesma emoção que já tinha sentido com o Caetano! Transbordei de amor, chorei... Lembrei dos olhos azuis da enfermeira Vânia, no curso para gestantes que fiz onde ela dizia que o parto acontece na cabeça, que quando uma mulher precisa passar por uma cesária, ela precisa mentalizar o bebê passando por todo o processo natural. Isto veio naturalmente, aconteceu. E eu senti mesmo ela saindo, pois não ouvi nada, ela não fez nenhum barulho, não baixaram o campo, eu só vi o que aconteceu pelos olhos do Rodrigo, que me diziam que ela estava bem. Tiraram ela imediatamente da sala. Me disseram que ela estava bem, mas muito branquinha e sem tônus muscular, mas que isto era esperado. Eu estava ótima.
Aí veio o segundo momento tenso da cesária: para diminuir o sangramento que não parava, injetaram ocitocina no soro para contrair o útero, e Roxana colocou-o para fora para costurar mais rápido e interromper a hemorragia. Eu sentia a pressa deles. E quando foram colocar o útero de volta no lugar doeu muito. Terminaram com todos os procedimentos e trouxeram a Diana dentro de uma encubadora, onde eu a vi de longe, toda branquinha... Fui para o quarto, onde fiquei sabendo que só a veria no dia seguinte, pois já estavam preparando-a para uma transfusão de sangue, e eu devia ficar forte para o dia seguinte. Dormi e comi o máximo que pude, para estar forte para o dia seguinte. Acordei, tomei banho e fui até a UTI. Lá nos encontramos! Ela estava linda! Toda coradinha. E nem parecia prematura. Veio pro meu colo mamar e mamou de primeira. Ficamos mais de uma hora coladinhas, pele na pele. Nisso os avós, minha irmã e o Caetano já estavam vindo me visitar e trazer roupas, pois na pressa não trouxemos nada. Deixaram Caetano entrar na UTI para conhecer a irmã. Lindo o olhar de reverência dele pra ela. E ele fez o que sempre disse que faria: fez cócegas na barriguinha dela, e segundo ele, ela riu. Fomos pro quarto, conversei um pouco com eles, almocei e quando todos saíram para almoçar eu dormi. Acordei e fui novamente amamentar a Diana, ficamos mais de uma hora coladas, voltei pro quarto pra descansar e quando estava me preparando para voltar à UTI para amamentá-la, eis que chegam no quarto com ela. A partir de então ficaríamos juntas!!! Pra ficar perfeito, só faltava o Caetano. Passamos bem a noite, ela mamou e dormiu bastante. E passei o dia seguinte todo esperando para ir embora. A alta chegou no fim do dia, todos juntos novamente! E seguimos bem, unidos, saudáveis e felizes!!!

E a Diana nasceu!! Prematura de 35 semanas, 24 horas na uti, transfusão de sangue por conta de uma hemorragia intensa por causa da placenta prévia. Apgar 1 e 7. Aprendeu a mamar assim que nos encontramos, 17 horas após o parto, nos apaixonamos, e ela não parou de melhorar. Nasceu no sábado, 13/10, às 17:19, 2,925 Kg e viemos para casa segunda no fim da tarde. Bendita cesária!!! Bendita transfusão de sangue!!! Bendita força da vida!!!
Ela é linda, perfeita, saudável e muito forte!!! E eu também me sinto assim!


beijo

Celia (aprendendo a ser mãe de dois)

Com mamãe e Caetano fazendo: "janela, janelinha, porta, campainha: piiiim!!!"

No sling com papai brincando com Caetano.